quinta-feira, 15 de setembro de 2016

8.513.000 km²

basta a cada dia, sua pena. mateus.

gente é pra brilhar e não pra morrer de fome. caetano veloso.

e praza a deus que o triste e duro fado de tamanho desastre se contente; que sempre um grande mal inopinado é mais do que espera a incauta gente. camões, écloga.



secretário de segurança, luiz bronzeado



8.513.000 km2. aprendi que é esta a extensão terr(a)itorial do brasil. aprendi também que nosso país é um dos maiores do mundo e que aqui, se plantando tudo dá. graças as benesses da mãe natureza. tudo isso incutido no nacionalismo xenófobo que nos é pasteurizado desde a primária educação ideológica.

primária, porém eficiente, que destrambelha o raciocínio de tantos da raça tupiniquim, que bem poderiam ser outros que não dedos-duro, pró-castradores e assassinos de bom soldo. cerqueira leite o disse muito bem, quando registrou que, no brasil, o entreguismo já foi oficializado. bom dia entreguistas! nos encontraremos logo mais no inferno, diria cocteau.

recrudesce a violência em alagamar e similares. sim, similares, porque de cabo a rabo deste país, as questões agrárias imprensam cornos de governantes e ventre dos rurais contra o arame farpado que é desmantelar a herança latifundiária dessa colônia. colônia novamente, quando a preço de banana, multinacionais já vão com um terço da amazônia, pará e mato grosso(os dois) no colete do, ainda legítimo brins ingleses? com os quais se manifesta nossa diplomacia.

nada mais sagrado para o homem do que a terra. por que a terra significa a sobrevivência do corpo e do espírito. para além da reificação da paternidade maior do barro, o sal da terra traz no ventre o ciclo final do seu mesmo cio. a terra é essencial tanto para que brote a vida, como para que nela se recolha a morte, qualquer que seja a crença de transmigração de almas. da terra pois precisa o homem para viver e morrer. e por causa dela ainda continuam morrendo de susto, bala ou vício.

morte física e espirititual e o que é pior: pela morte torturante da pressão avassaladora, de doer os olhos no latifúndio que empestilenta a terra com gérmens de uma criação pária ou a estereliza impedindo sua ocupação para dar de comer a quem tem fome.

mas a violência explode física, espiritualmente e também intelectualmente longe-perto dos homens que não tem o cheiro do sêmem da terra nas mãos. esses pruridos intelectuais são a covardia disseminada numa safra de homens que, sem calos nas mãos de enxada, ou outra arma qualquer, que não seja o eufemismo da pena jornalística, tão comprometidos com o pesos dos tempos, se envergam se engasgam e findam tuberculosos numa repartição pública.

falando da violência intelectual, nada mais violento do que o modo de justificativa grotesco do poder, quando está encalacrado, apesar de todas as falcatruas que são facultadas para a mimese e é suplantado pela realidade, que explode num rastro de sangue que mancha sua casimira santa ou no ar estupefato e moribundo de uma família que não entende o mecanismo do gás lacrimogênio quando ela já tem tanto porque chorar.

o senhor secretário de segurança pública é um atentado à mediocridade que se preze. repete a toda hora que a paraíba é “ um mar de tranquilidade “ (talvez fosse, sem ele!) descamba para o inverossímil, atribuindo a onda de violência que assola a sociedade brasileira e paraibana a medusa televisiva.

entretanto, a tirada maior antes as ações despropositadas de violência em alagamar é o desfraldar da bandeira tê-efe-tepista, confissão indisfarçável de sua falta de tato e habilidade para com ações e microfones, atribuindo como moto da igreja, o marximismo-leninismo, rumo a américa latina. decididamente só mesmo o diletantismo chinfrim permite alguém ir de “ le petit principe” a marx e lenine com tanta audácia, ignorando variáveis diretas e indiretas.

disse o senhor secretário, que as ideologias estrangeiras devem ficar lá fora, pois as questões daqui devem ser resolvidas com uma ideologia nacionalista. mas, desde quando, o feudismo, o latifundarismo, o capitalismo, são ideologias autóctones ? antes fosse o caso, para puxar a clava do equilíbrio, elemento democrático ?

continuando a semana o articulista abelardo jurema esta semana fez o apanágio do senhor governador, afirmando que ele vem se firmando a cada dia que passa. eu já acho que, com o staff que ele tem, que mais parece uma centopeia baleada(tanto é que as reformas estão aí no secretariado) se ele não se cuida acabam lhe aprontando uma cama de gato.

falando nisso, outra gafe da semana, muito bem aproveitada por d.josé maria pires, que vem se revelando articulista de verve insuperável ante as treslouquices do poder, fosse a hora de aplauso e não de correrias, foi cometida pelo senhor secretário de comunicação social o senhor carlos roberto, no melhor estilo diplomacia de tamborete, com sua nota publicada com o fito de resfriamento do causo em pauta, tentou interromper as ebulições de alagamar, procurando salvar a barra de seu patrão maior, dirigindo a opinião pública aos caminhos do bem senso e do sentido prático da realidade. ensaiava ainda que o senhor burity já havia tomado todas as medidas ao seu alcance para resolver a questão, questão difícil de ser resolvida de uma hora para outra. tanto não foi assim que o governador virou notícia no sul do país( e só assim a paraíba tem virado notícia) acorrendo do seu posto que é governar(elaborar programas e fazê-los cumprir, e não ir pessoalmente cumprir)(imagine a capa que isso daria pra o pasquim e o enfim)(mais uma vez provado nosso sub-desenvolvimento).
d.pelé (josé maria pires)

contra argumento há fatos. o menor bom senso não jogaria bombas de gás em colonos depauperados e seus familiares. bombas de gás é coisa pras cidades em tempos de 68 ô da polícia! se era pra fazer o serviço, o bom senso, se vocês tivessem, teria indicado outros métodos, mais eficazes e muito menos espalhafatosos.

entretanto, eu sou um conciliador. quero acreditar no bom senso e no sentido prático da realidade, somando a isso a natureza pura da matemática com sua filosofia. 8.513.000km2, é terra pra cacete. não há necessidade de massacres para fazer render a terra(em quantidade de distribuição tão apertada para tantos colonos). se continua esta política, vai haver muita terra pros colonos em cima, quando eles estiverem todos enterrados em baixo.

é este o bom senso da justiça? apenas sete palmos de terra? dada após espremida ?

texto integral publicado na página editorial de o norte, na segunda 07 de janeiro de 1980, urdido naquelas tardes de domingo, na praia da redação, vestindo calção de secretário do jornal, sem salva vidas, em meio aos tubarões que, na mesma segunda, cortariam minha cabeça. ainda assim como a gente se divertia dando bunda canastra em meio as baionetas do poder embriagados que estávamos pela cachaça do jornalismo combatente.

http://memorialdademocracia.com.br/card/povo-de-alagamar-conquista-terras

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